A Rússia evacuou esta segunda-feira partes de outra região próxima da Ucrânia, depois de Kiev ter aumentado a actividade militar perto da fronteira, poucos dias após a sua maior incursão em território soberano russo desde o início da guerra em 2022.
As forças ucranianas atravessaram a fronteira russa na terça-feira passada e avançaram pela parte ocidental da região de Kursk, um ataque surpresa que pode ter como objectivo obter vantagem em possíveis negociações de cessar-fogo após as eleições nos Estados Unidos.
Aparentemente apanhada de surpresa, a Rússia estabilizou, no domingo, a frente na região de Kursk, embora a Ucrânia tenha cortado uma parte do território russo onde os combates continuavam na segunda-feira, segundo bloguistas de guerra russos.
Na região vizinha de Belgorod, a sul, o governador regional, Vyacheslav Gladkov, considerou a manhã “alarmante”, devido à “actividade inimiga na fronteira” que foi considerada uma “ameaça”, daí que se tenham começado a fazer evacuações no distrito de Krasnaya Yaruga
“Estou certo de que os nossos militares tudo farão para fazer face à ameaça que surgiu”, disse Gladkov. “Estamos a começar a transferir as pessoas que vivem no distrito de Krasnaya Yaruga para locais mais seguros,” acrescentou.
O governador informou na sua conta da rede social Telegram sobre cortes de electricidade em pelo menos treze localidades da região, todas elas no distrito de Graivoronsky. O Ministério da Defesa russo confirmou ter abatido cinco drones em Belgorod, na noite de domingo para segunda-feira. Outros 18 drones foram abatidos na região de Kursk, também na fronteira.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, confirmou pela primeira vez este fim-de-semana a presença de tropas ucranianas na província, após vários dias de uma intensa ofensiva. O líder ucraniano afirmou que a operação visava “restaurar a justiça” e pressionar as forças de Moscovo.
Os audaciosos ataques ucranianos contra território soberano da Rússia visam mostrar aos seus aliados ocidentais que Kiev ainda consegue organizar grandes operações militares, ao mesmo tempo que tenta ganhar peso na mesa negocial antes de possíveis negociações de cessar-fogo.
As forças russas, que detêm uma vasta supremacia numérica e controlam 18% do território ucraniano, têm vindo a avançar este ano ao longo da frente de 1.000 km, depois de a contra-ofensiva ucraniana de 2023 não ter conseguido obter grandes ganhos.