Biden/Trump
Antes de iniciar o tema da minha carta, gostaria de saudar a jornalista e escritora Alexandra Lucas Coelho por voltar às páginas do PÚBLICO, em que mais uma vez vem enriquecer-nos com as suas crónicas e dar-nos a conhecer melhor o conflito Israel-Palestina, como mais nenhum jornalista o faz.
Após o atentado a Trump, entrou-se numa espiral de trumpismo a ponto de já ter ganho as eleições, segundo vários analistas nacionais e internacionais, esquecendo-se que as mesmas só se realizam em Novembro e que até lá muita coisa pode acontecer. Não votaria em Trump, se fosse cidadão americano, mas também não votaria em Biden, porque Biden é o Presidente que apoia e financia em milhares de milhões de dólares armamento para que Israel continue o massacre, senão o genocídio, do povo palestino.
Biden já várias vezes chamou criminoso e gangster a Putin pela invasão da Ucrânia. E o que dizer de Netanyahu? Não só invade e ocupa há décadas a Palestina, e agora ocupou mais uns milhares de hectares de território para aumentar o número de colonatos já existentes na Cisjordânia, como ocupa e arrasa Gaza para não ficar pedra sobre pedra. E, não contente com isto, Netanyahu é convidado a discursar no congresso dos EUA – que vergonha. (…) O Ocidente não pode ter dois pesos e duas medidas: se Putin é um criminoso, Netanyahu não lhe fica atrás e como tal deve ser tratado.
Daniel Marques Simões, Santo António da Charneca
A esquerda em 1975
Leio jornais com algum atraso e apenas ontem dei conta de uma carta da leitora Teresa Seruya, que pretende responder ao seu ex-colega Vítor Serrão em nome da “história e necessidade de memória”. Se não é questionável a sua afirmação de que os regimes ditos “comunistas” foram ditaduras, já a sua consideração sobre o papel do PCP no Verão Quente de 1975 é manifestamente parcial, pois olvida todo o contexto e radicalização envolvidos. Se houve a luta pelo poder que envolveu o PCP ou a esquerda militar no apelo ao poder popular (nada PCP, portanto) ao longo dos meses que nos levaram ao 25 de novembro e à Constituição de 1976; se houve os moderados do Grupo dos Nove, a história e a memória obrigam à seriedade de referir o 11 de março de extracção spinolista (como já o fora o 28 de setembro de 1974 da “maioria silenciosa”) e os atentados das redes bombistas de extrema-direita dos quais resultaram mortos, ainda em 1976. Por isso, querer diabolizar o PCP neste período da nossa história não é intelectualmente sério. Muitos diabos andaram à solta e alguns peroram por aí nas televisões e até, pasmemo-nos, no Parlamento.
Custódio David, Lisboa
Provas de Monitorização da Aprendizagens
As Provas de Aferição passar-se-ão a chamar Provas de Monitorização da Aprendizagem, terão lugar no 4.º e 6.º anos e entram em vigor no próximo ano lectivo. Não será a simples mudança de nome que fará com que os alunos as passem a considerar como algo de importante e não o que tem sucedido até aqui, em que eram consideradas como uma brincadeira, porque não contavam para nada. Se o ministro da Educação quer que as provas agora anunciadas “tenham consequências”, tal como afirmou, então as notas dessas provas têm obrigatoriamente de contar, de uma forma mais ou menos significativa, para as notas finais dos respectivos anos escolares. Se assim não for, a brincadeira continuará e apenas será gasto dinheiro (…).
Manuel Morato Gomes, Senhora da Hora
Novo modelo de avaliação externa
A melhor das novidades é a abolição das provas do 2.º ano; felizes os petizes, pois já não têm de se submeter a tamanha atrocidade. Outra boa notícia é a tipologia, que deixa de se basear em conteúdos específicos do currículo e passa a adotar um modelo idêntico ao PISA, que avalia literacias e competências ligadas à vida real. Neste contexto, pressupõe-se que a abordagem dos currículos e respetivas aprendizagens deverão contribuir para o desenvolvimento das referidas competências e literacias. É, aliás, o objetivo principal dentro da hierarquia taxonómica das finalidades da educação. Nesta perspetiva, pode vislumbrar-se algumas contrariedades que terão de ser colmatadas à medida que aquele modelo de avaliação for aplicado: a estrutura e complexidade dos currículos, as metodologias de ensino e os manuais escolares. Apesar de ter havido alguma mudança nos últimos anos, deverá ainda haver ajustamentos pelo menos naqueles três aspetos que se complementam.
José M. Carvalho, Chaves