Imigrantes: mais burocracia e precariedade
Muitos dos empregos ocupados por imigrantes são temporários ou precários. Exigir um contrato prévio vai tornar as coisas ainda mais difíceis para a imigração legal, facilitando a vida aos passadores ilegais e expondo mais gente a uma situação frágil, logo aproveitada por quem espera explorar ao máximo mão-de-obra clandestina, sem direitos e sem possibilidade de recorrer às autoridades no caso de abusos dos patrões.
A medida é mais uma cedência do governo à campanha xenófoba do Chega, ilustrada pela intervenção de Tânger Corrêa no debate na rádio, quando disse sem explicar que “viu senhoras a serem pressionadas” por imigrantes em Vila Nova de Milfontes. Ao falhanço monumental do PS quando acabou com o SEF, junta-se agora uma medida que pode ter mais efeitos perversos; precisamos de imigrantes mas somos incompetentes para lhes dar condições dignas de trabalho.
José Cavalheiro, Matosinhos
Médicos de família
No dia 3 de Junho fui ao “médico” de família. Desde que estou no Vimieiro, já fez 16 anos, já tive vários e tudo tem funcionado. Infelizmente nos últimos quatro anos tenho sido um utilizador frequente do sistema, incluindo o Hospital do Espírito Santo, de Évora (HESE), além do Centro de Saúde de Arraiolos. Neste período tenho verificado as melhorias introduzidas no sistema, nomeadamente as desenvolvidas pelo anterior director executivo do SNS, Fernando Araújo.
Fico preocupado quando, de repente, se pretende introduzir “mudanças” sem se fazer o balanço do modelo que estava a ser desenvolvido. E o balanço não é para um período de alguns meses mas pelo menos de um par de anos. Veremos daqui a algum tempo o impacto do dito Plano de Emergência do governo da AD. Receio o pior.
António Monteiro Pais, Vimieiro
Europeias para quê?
Porque se gasta tanto tempo e recursos numas eleições para o Parlamento Europeu, que para a grande maioria da população nada diz, a não ser a percepção de se estar a eleger alguém para uma espécie de reforma ou prateleira dourada? Quem “manda” é o Conselho Europeu.
Porque não são os parlamentos dos países a indicar os deputados para a Europa, respeitando os resultados das eleições legislativas em cada país e a proporcionalidade entre os partidos votados? Poupava-se tempo, dinheiro e sobretudo poupava-se nas palavras numa campanha eleitoral totalmente deslocada no tempo e no espaço
António Lamas, Montijo
Desvarios sociais
As sociedades democráticas são o melhor dos melhores elixires para todo o tipo de desvarios vivenciais. A liberdade é usada até ao limite da linha vermelha que a separa da pura libertinagem e afins. Portanto, (quase) tudo é possível, para o bem e para o mal.
Já nas sociedades onde a forma governamental é autocrática, a situação social ‘pia mais fino’: quem sai da ‘linha’ pode até pagar com a vida tal ousadia. Assim, nas sociedades livres, existem muitos infiltrados, que tudo fazem para as denegrir, mas fingindo o contrário.
São exemplo disso todas as forças políticas ditas extremistas, de pólos opostos, que usam o descontentamento de alguns sectores sociais, inerente a quem tem liberdade de expressão, para favorecerem as políticas dos ditadores, como pelo exemplo mais que evidente: dizerem-se pela paz, mas favorecendo todos os déspotas, consoante a sua família política, que dizem renegar, sem nunca a incriminar.
José Amaral, Vila Nova de Gaia
As organizações da UE
Muito esclarecedor o artigo de António Barreto de 1 de Junho. Dos quatro organismos que gerem a União Europeia (Parlamento, Conselho, Comissão e BCE), o único que é democraticamente eleito é aquele que menos poder tem e cujas decisões geralmente pouco nos afectam. Realmente o maior poder, em termos políticos, é o do Conselho, cuja formação depende das eleições de cada um dos países, pois são os seus governantes, presidentes ou primeiros-ministros, conforme o caso de cada um dos países, que tomam as grandes decisões.
No que se refere à economia, o poder está praticamente concentrado no Banco Central Europeu. Basta relembrar o brutal aumento de juros da banca e as trágicas consequências que teve na grande maioria das famílias com empréstimos bancários para compra de casa. Contudo, para estas eleições de domingo ouvimos os candidatos falar como se fossem para o Parlamento Europeu resolver uma enorme quantidade dos nossos problemas. O efeito é apenas de consumo interno para as várias forças testarem qual o seu significado interno. E sempre dá para compensar o trabalho de alguns ou afastar outros que incomodam, mas ambos ficarão satisfeitos com as regalias de que vão usufruir.
António Barbosa, Porto