Um cavalo foi encontrado, nesta quarta-feira, ilhado num telhado de uma casa na região de Canoas, localizada na região metropolitana de Porto Alegre, uma das mais afectadas pelas chuvas no Rio Grande do Sul, Brasil.
O animal tentava equilibrar-se com duas patas em cada lado do telhado ocupando o único espaço da estrutura que ainda não havia sido atingido pela água. Aparece desolado, sem ter para onde ir, no meio de uma área completamente inundada. Qualquer movimentação poderia fazê-lo cair.
A cena foi registada pelo helicóptero da TV Globo, que fazia a cobertura das enchentes na cidade. Não há informações sobre quem seria o dono do animal ou o que aconteceu com ele.
A Defesa Civil Nacional fez uma operação para salvar o cavalo, mas o resgate não foi confirmado.
No meio da tragédia, muitos animais ficaram ilhados a precisar de socorro. Diversos órgãos e voluntários estão a trabalhar para resgatar os animais nas áreas atingidas pelas enchentes.
Além disso, algumas organizações de protecção animal e grupos independentes também estão a tentar ajudar os animais, ao encontrar os seus donos ou ao procurar um novo lar para eles.
De acordo com a câmara municipal de Canoas, a Secretaria Municipal de Bem-Estar Animal resgatou mais de 30 mil animais ilhados pelas chuvas foram resgatados com vida nos últimos dias. O município tem cerca de 30 locais que acolhem esses animais.
A cidade também improvisou um abrigo de pallets para animais de estimação. As caixas de madeira servem de abrigo a cães e gatos resgatados das casas alagadas.
Doações precisam-se
Com cerca de 350 mil habitantes, Canoas é a cidade mais populosa da região metropolitana de Porto Alegre, com excepção da capital, que abriga cerca de 1,3 milhões de pessoas.
Metade da cidade está debaixo de água, com filas com até mil pessoas para comida, que está a ser distribuída pela autarquia — mas não há alimentação suficiente para todos.
Nesta quarta, o autarca Jairo Jorge fez um apelo: “Temos, agora, cerca de 600 pessoas esperando e comida para apenas 100. Precisamos de muitas doações”, disse.
De acordo com os números que apresentou, quase metade da população –153 mil pessoas – foi retirada de suas casas desde a última sexta-feira, quando a força das águas rompeu dois diques e a cidade ficou praticamente submersa.
A água barrenta chegou até o telhado das casas, a maioria, feita de madeira, material que não aguenta muito tempo molhado. A previsão do autarca é de que cerca de 70 mil imóveis, entre residenciais, comerciais e industriais, tenham de ser reconstruídos.
Por estar localizada no delta do Jacuí, formado pelo rio de mesmo nome, além de receber fluxo dos rios Caí, Sinos e Gravataí, que desaguam no lago Guaíba, Canoas foi afectada directamente pela cheia histórica.
A gestão municipal está agora a elaborar um plano de engenharia para fazer o sistema de drenagem funcionar ao contrário, para escoar a água que invadiu a cidade de volta para os rios.
Exclusivo PÚBLICO/Folha de S.Paulo
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