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Cartas ao director | Opinião

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Onde é que estacionamos o carro?<_o3a_p>

Quando nos esquecemos de onde estacionamos o carro e damos por nós a deambular pelo parque de estacionamento do supermercado a empurrar um carrinho de compras cheio até acima, sentimo-nos ali entre o envergonhado e o divertido. Acho que é assim que nos sentimos hoje em Portugal. Envergonhados por termos perdido um governo que parecia sólido e estável, mas divertidos pelo que antecipamos que aí vem. O nosso carrinho de compras transborda de excedente orçamental e estamos desejosos de saber como o vamos gastar.

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No próximo dia 2 de Abril o nosso Presidente dá posse ao novo governo da República e aí já terá caído a vergonha. Já teremos encontrado o sítio onde deixámos o carro e tomaremos um novo rumo partindo desse lugar onde ficámos. Mas por quem será distribuído o conteúdo do carrinho de compras? A política, apesar de tudo, também pode ser divertida.

<_o3a_p>​Tomás Magalhães Carneiro, Porto

Ganhar na secretaria

No rescaldo das eleições, há uma miríade de perspectivas pelas quais se podem analisar. E, se podemos unanimemente dizer que o Chega teve um grande resultado eleitoral, o CDS fez….um grande negócio! Para o que concorreu uma conjuntura a que foi completamente alheio e que voltou a pôr na AR um partido destinado à irrelevância política. Isto porque o PSD entendeu ressuscitar a AD e para isso era necessário recuperar o triunvirato onde se incluía o CDS e o PPM. Chama-se a isto ganhar na secretaria. Bastou assinar um papel para ganhar um grupo parlamentar e, quiçá, um lugar no próximo governo da República. Grande jogada.

José Pombal, Vila Nova de Gaia

Israel e o complexo de culpa dos europeus

Baseados na crença de que Deus dera as terras de Canaã ao “seu” “povo eleito”, inúmeros judeus viram como solução para as perseguições e massacres que haviam sofrido ao longo de séculos a criação de um Estado próprio. Todavia, antes mesmo de verem constituído esse Estado (1948), os israelitas mais radicais já se haviam atribuído o direito de dominação da população autóctone, a qual os havia acolhido, frequentemente em fuga de outras paragens.

Os europeus e os americanos, mas sobretudo os primeiros, viram na criação do Estado de Israel uma solução possível para os problemas de perseguição ao povo judeu e, acima de tudo, um mecanismo de redenção da sua crueldade secular face àquele povo. Paralelamente, fecharam os olhos à dominação colonial que se desenvolvia na antiga Palestina, fenómeno que, crescentemente mais cruel, se desenrola até aos nossos dias.

Esquecer isto é pensar que a história começou em 2023. Os europeus não podem esconder a responsabilidade pelo seu secular anti-semitismo permitindo a Israel fazer aos palestinianos o que a Europa fez aos judeus. E mais: permitindo-lhe a impunidade que não seria concedida a mais nenhum Estado. O complexo que permite aos europeus rotularem como párias diversos Estados é o mesmo que os leva a alimentar com armas, dinheiro e silêncio um Estado que utiliza a fome como instrumento de ocupação de território.

Luís Pardal, Lisboa

Israel, um país fora da lei internacional? ​

Apesar de o Estado de Israel ter sido criado em 14 de Maio de 1948 por intermédio das Nações Unidas, como parte da divisão da Palestina que a ONU estabeleceu, Israel continua a não cumprir a maioria das decisões aprovadas pela ONU. Ainda hoje, e depois de a ONU ter aprovado uma resolução de cessar-fogo para que pudesse ser prestada ajuda humanitária e distribuição de alimentos (há milhares de palestinianos em risco de morrerem à fome, convém não esquecer), Israel bombardeou intensamente a Faixa de Gaza. O Hamas, com o seu acto terrorista de 7 de Outubro, deu a Israel o argumento que Netanyahu sempre quis para poder invadir Gaza e acabar, de vez, com os palestinianos e tentar escapar aos problemas que tem com a justiça israelita. Afinal, que tipo de Estado é Israel? Será um Estado fora da lei internacional? De uma coisa estou certo: se nada for feito, Israel continuará a considerar que pode fazer tudo o que quiser porque nada sofrerá. É tempo de todos acordarmos.

Manuel Morato Gomes, Senhora da Hora



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